27 de nov. de 2014

DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

Jane Difini Kopzinski
Desde a antiguidade os médicos possuíam noções sobre a linfa e os vasos linfáticos, sendo conhecidos desde as primeiras dissecações feitas por Hipócrates (450 a.C.) e posteriormente Vesalius no século XVI. No século XVII, porém, foi que alguns anatomistas descobriram e estudaram a linfa e os vasos linfáticos. Em 1651, Pecquet observou o ducto linfático descrevendo a “Cisterna Chyli”, comprovando que o quilo não é drenado para o fígado e sim para um local determinado que mais tarde recebera o nome de “Cisterna de Pecquet”.

O método de Drenagem Linfática Manual (DLM) foi desenvolvido em 1932 pelo terapeuta dinamarquês Vodder que  iniciou suas experiências em pacientes acometidos por gripes e sinusites, executando movimentos suaves de rotação nas cadeias ganglionares do pescoço. Obtendo um grande resultado positivo e eficaz.

Na década de 60, Foldi estudou as vias linfáticas da cabeça e suas relações com o líquor cérebro espinhal. Ele e sua equipe desenvolveram a terapia complexa descongestiva, associando cuidados higiênicos, o uso de bandagens compressivas e exercícios.
Hoje a DLM (Drenegen Linfática Manual) é conhecida no Brasil e no mundo e é adotada por profissionais da área da saúde.
A DLM é uma técnica complexa, representada por um conjunto de manobras muito específicas, que atuam principalmente sobre o sistema linfático superficial e visam drenar o excesso de líquido acumulado no interstício, no tecido e dentro dos vasos.
É uma técnica de massagem altamente especializada, feita com pressões suaves e lentas, que seguem o trajeto do sistema linfático, aprimorando algumas de suas funções. Não deve ser desagradável e jamais provocar dor.
Não deve ser realizada com muita pressão, pois os capilares linfáticos serão comprimidos ou até mesmo danificados e nada será drenado.
A DLM ajuda o corpo a drenar toxinas e a nutrir os tecidos; melhora a oxigenação, a defesa e ação antiinflamatória além de atuar na dinamização de todos os processos catalisadores de uma boa cicatrização.
A DLM foi e continua a ser aperfeiçoada, adquirindo hoje um lugar de destaque no tratamento de edemas e Iinfedemas, de modo a tornar-se parte integrante da terapia descongestiva linfática 

FUNDAMENTAÇÕES GERAIS
A pratica correta da drenagem linfática manual (DLM) requer o seguimento obrigatório dos seguintes aspectos:
    
  Ø      a DLM deve ser realizada sempre de proximal para distal (CAsLEY-SMITH et al., I99B)                  e ser iniciada pela evacuação do terminus na fossa supraclavicular e Iinfonodos (VINAs, I998);

Ø      um maior tempo deve ser dedicado às áreas mais edemaciadas (VINAs, l998); o paciente. durante a aplicação de DLM, deve estar em uma posição confortável, preferencialmente deitado com a região a ser tratada totalmente desnuda e posicionada, de modo que a pele não fique tensa (VINAs, l998). A elevação do segmento corpóreo também é indicada, uma vez que a gravidade influencia o fluxo linfático (CAMARGO 8‹MARX, 2000):

Ø      para uma prática correta, e imprescindível conhecer as diversas divisórias linfáticas que delimitam os quadrantes Iinfáticos e os locais dos principais grupos de infonodos superficiais (VINAS,I998). pois as manobras da DLM devem ser feitas na direção e no sentido destes grupos do quadrante linfático a ser drenado (KAssEROLLER,l998). Quando houver impedimentos à drenagem linfática natural, estas deverão estimular a mudança de direção e sentido da Iinfa para quadrantes sadios (VIMAs, l998; CAsLEY-SMITH et al., I998), utilizando-se as anastomoses linfo-linfáticas e os Iinfotomas de Kubik (BoRis, WEINooRF 8‹ LAsINsKi, I994);

Ø       as manobras empurram tangencialmente a pele até o seu limite elástico, sem que haia deslizamento ou fricção sobre a mesma (KAssERoLLER, I998);

Ø      todas as manobras, basicamente. constam de três fases: a primeira é a do apoio da mão e dos dedos sobre a pele da paciente, seguido pela fase ativa, que é a de empurrar o fluido; a terceira é a fase de repouso, na qual a pele volta sozinha à sua posição inicial, Dessa forma, os vasos Iinfáticos terão tempo para relaxar, encher-se e possibilitar uma melhor mobilização ao fluido que normalmente apresenta um fluxo lento (VlršiAs, l998; HERPER'iz, 2006; LEDUc & LEDUC, l995 e l992; CAsLEY-SMITH et al., I998; FERRANDEZ, THEYs & BoucHET, 200I; CAMARGO & MARX. 2000);

Ø      as manobras devem ser sempre leves, superficiais, lentas, pausadas e repetitivas. drenando apenas o líquido intersticial dos tecidos mais superficiais do corpo e a rede de plexos linfovenosos subpapilar, intradérmico e hipodérmico. localizados entre as camadas da pele e hipoderme. sendo a circulação profunda ativada pelas  ntercomunicações existentes e pelo efeito da drenagem da superficie.

A drenagem linfática manual, independentemente da escola de origem ou do estilo da técnica, respeita a
anatomia e a fisiologia do sistema linfático, alem da integridade dos tecidos superficiais, e, para tanto, deve ser executada de forma suave. lenta e rítmica, sem causar, em hipótese nenhuma, danos ou lesões aos tecidos e, tampouco, dor ao paciente


INDICAÇÕES:
  • Pré e pós-cirurgia plástica
  • Tratamentos de revitalização facial e estética corporal (melhora celulite, diminui a
  • retenção hídrica).
  • Linfedemas (Edema/inchaço de uma parte do corpo devido a uma acumulação de
  • fluído linfático. É uma deficiência do Sistema Linfático)
  • Lipedemas (Acúmulo anormal de gordura sob a pele, geralmente localizado na perna,
  • entre a panturrilha e o tornozelo)
  • Fleboedemas (Edema devido ao mau retorno venoso)
  • Edemas pós-operatórios e pós-traumáticos
  • Edemas cíclicos idiopáticos, pré-menstruais, intragestacionais e outros

Atualmente a técnica de drenagem linfática manual difundiu-se por todo o mundo e é utilizada em diversos serviços de saúde para o tratamento de muitas patologias.



REFERENCIAS
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